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Um dia a casa vem abaixo

Só 255 caracteres?! Isso não dá para nada!! Bem, o melhor será ir passando por aqui. Assim ficará a entender melhor o que é. Obrigada pela visita. Tenha um dia feliz!

Um dia a casa vem abaixo

Só 255 caracteres?! Isso não dá para nada!! Bem, o melhor será ir passando por aqui. Assim ficará a entender melhor o que é. Obrigada pela visita. Tenha um dia feliz!

Give a gril the right shoes, and she can conquer the world

A frase não é minha, nem de ninguém cá em casa, é da Marilyn Monroe. Mas ando desconfiada de que o meu garoto já sabe ler inglês. Isto porque, o objetivo deste verão é passar a andar de bicicleta sem rodinhas. Para tal, obrigava-o a treinar todos os dias. Contudo, como as bicicletas, a dele e a do pai (eu não tenho, infelizmente) são muito pesadas e leva-las do 2º segundo andar até à rua sem elevador é muito difícil, o treino não foi assim tão diário conforme o previsto. Bem sei que sou uma franzina e sem força quase nenhuma. Mas deixemos esse assunto para outro dia. Na realidade só tínhamos andado uma vez de bicicleta. Fomos dar uma grande volta, que implicava passar por uma estrada bastante movimentada aqui na zona, até um parque no qual poderíamos treinar sem grande preocupação. Bem, eu todos os dia lá o recordava que deveríamos continuar a treinar se não chagávamos ao fim do verão sem os resultados alcançados. E ele arranjava sempre uma desculpa. Ou doía-lhe uma perna, ou o braço, ou naquele dia queria antes andar de trotineta, eu sei lá que mais. Até que hoje fomos ao centro comercial cá zona, para o convencer disse-lhe que precisava mesmo da ajuda dele. Depois de tudo feito, e já em risco de o ver fazer uma birra disse-lhe: Achas que podemos dar um saltinho à H&M para ver os saldos? Só para ver?

Assim que aceitou, levantamos âncora e lá fomos nós. Ao deambular pela loja fomos ter à zona reservada à garotada. E é aqui que se dá a epifania. Avista uns ténis cinzentos (podem ver na imagem abaixo) e diz: Mãe, eu acho que se comprar estes ténis consigo andar de bicicleta à primeira.

A confiança e assertividade com que proferiu estas palavras foram de tal forma convincentes (e o facto de estes custarem 5€) que lhe comprei os ténis. E assim foi, depois do lanche calçou os ténis e fomos os dois ao parque. E assim que saiu de casa começou a andar pelo próprio pedal. 

Quando parou virou-se para trás e tinha um sorriso ENORME na cara, e eu também! Fizemos uma grande festa, com muitos abraços e beijinhos, e incentivei-o a continuar a treinar. Quando regressávamos a casa já tínhamos novo objetivo: Mãe para a semana vamos ao supermercado de bicicleta!!

Temos homem!

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Botas de basquetebol H&M 9.99€

Em saldos custam 5€ 

O longo caminho para o diagnóstico -parte II

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Bem, como vos disse o 6º foi o meu “salvador”. Após o diagnóstico, o 5º médico resolveu engonhar. Deu-me uns comprimidos para tomar sempre que comesse para aliviar os efeitos dos alimentos. Andei assim ainda uns 2 a 3 anos com consultas regulares de 6 em 6 meses. Sempre que lá ia ele dizia que não havia nada a fazer. Ou melhor, havia, fazer uma histerectomia total mas que ainda era muito nova. E como não podia ter filhos o melhor era retardar o mais possível todas as implicações que uma menopausa precoce oferece.

Mas quis o destino que eu não ficasse por aqui. Já com o processo de adoção a decorrer, foi-me aconselhado novo médico. Um especialista na minha doença. Lá fui eu até à consulta que se marcou com caráter de urgência. Nova descrição de toda a minha vida, mas desta vez novos exames. Exames que nunca tinha feito. Devo confessar que não foram nada fáceis de fazer. Nada mesmo. Muito dolorosos. Mas tinha de ser. No dia da consulta estava bastante nervosa. Não é que já não soubesse ao que ia mas era diferente. Este médico era o “guru” e se alguém me podia ajudar era ele. E assim foi. Tudo o que me disse sobre o que eu tinha foi-me transmitido de uma forma calma, serena e muito segura. Disse o que havia a fazer a médio e longo prazo. A médio prazo, disse para procurar alguém que me ajudasse na minha alimentação pois tinha os intestinos muito afetados. E se alterasse a minha alimentação certamente que me iria sentir melhor e ganhar alguma qualidade de vida. Algo que até aquele dia ninguém me tinha dito e que estava em declínio vertiginoso. A longo prazo a história era outra. Teria de fazer uma cirurgia e retirar os meus órgãos reprodutores (útero e ovários), mas isso era uma ponte que o médico só gostaria de passar dali a algum tempo. Infelizmente, a minha qualidade de vida não melhorou o suficiente com as alterações alimentares, e olhem que foram muitas. E em 2012 tive de ser operada com alguma urgência. Numa consulta de rotina o médico verificou que o meu útero estava a apresentar um cenário muito chato (como eu prefiro chamar). Fui operada, retirei o útero o ovário e trompa esquerdos, duas adenomioses e um tumor no reto. Correu muito bem, felizmente. E ganhei duas coisas muito importantes. Mais qualidade de vida e, supresa das supresas, recebi o telefonema da segurança social a dizerem-me que o meu filho ia chegar.
Bem sei que nem todas as histórias têm um final feliz. A nossa história passou a ser escrita de outra forma a partir daquele dia. Não pude dar à luz o meu filho mas soube que ia ser mãe na ala da maternidade de um hospital quando ainda estava em recuperação. Ironia do destino!!
Continuo a ir com muita regularidade ao meu médico, a fazer análise e exames, que lhe permitem ter uma noção o mais precisa da forma como a endometriose evolui. Mas sempre ciente de que qualquer dia terei de voltar aquela marquesa gelada, mas essa é uma ponte que ainda não vou atravessar.

 Tenham um dia Feliz!

 

 

 

 

Filme do ferro da semana - Planes: Fire & Rescue

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Ora pois então começaram as férias escolares... e se quero ter o garoto calminho enquanto dou cabo de uma pilha de roupa tenho de ver um filme que lhe agrade.
E o filme da semana foi Aviões: Equipa de resgate (PT) pela 123ª vez. Já quase sei algumas deixas!!! Mas o filme é bem bonito. Adoro tudo! É Disney! Mas confesso que a parte que mais gostamos aqui em casa é a cena em que o Dusty, acabadinho de chegar a Piston Peak, resolve ir ver como é um verdadeiro combate a incêndios.
"Carrega na agulha!!!" é a deixa dada por Maru para que se aumente o volume cá em casa. Depois... saltamos, dançamos, pulamos e gritamos "Thunder" "HáHáHá Thunder" (para quem não consegue identificar a música, é aquela dos AC/DC). 
A roupa fica em stand by durante uns minutinhos enquanto se fazem alongamentos, que também é preciso.
Se nunca viram, não sabem o que perdem. Para além de toda a animação de um bom filme Disney tem uma excelente mensagem "Arriscar a própria vida pela dos outros". Com o verão à porta e com a época de incêndios também ela a começar, nada melhor que ver este filme de coração bem aberto para que possamos, que nem seja agradecer. Agradecer aos bombeiros voluntários, sapadores, pilotos de aviões e restantes operacionais pela coragem que têm em cada dia arriscando as suas vidas pelas nossas.

A todos muito obrigada.

Tenham uma noite feliz!

Conversa com o meu filho

Durante o jogo Portugal Vs Itália

 

(entra Eliseu para substituir o Coentrão)

 

- Mãe o Eliseu joga no Benfica.

- Estás a perguntar-me?

- Não, estou a dizer-te.

 

(silêncio, durante o qual percebo que não sei patavina de futebol)

 

- Mãe, o Pepe?

- Hum?!

- O Pepe? Não está a jogar? Ele está bem?

- O Pepe!?! (o meu cérebro entra em pânico!!!) Pois não está, tens razão. Se calhar está doente.

 

(confirmação. Eu não sei NADA de futebol)

 

- Mãe, este aqui é o que tu gostas?

(aparece na imagem o Quaresma)

- Sim, este é o Ricardo Quaresma, o que eu gosto. Sabes onde é que ele joga? No Porto.

- Pois.

 

(não entendo como é que ele não sabe o nome do jogador)

 

Caderno Afegão, Alexandra Lucas Coelho

 

 

Já andava de olho nele à algum tempo. Há muito tempo mesmo. Só não o comprei quando saio porque achei um pouco caro. Lamento ter-me feito esperar tanto tempo. O que andava a perder. Agora tento a cada linha recuperar o tempo perdido. Alexandra Lucas Coelho (ALC) tem o dom da palavra, escreve (e perdoem-me todos os clichés),com uma voz dentro de si que nos faz viajar através dos seus olhos. Essa voz faz com que o corpo, os olhos, os sentidos de ALC sejam os nossos. Não é fácil escrever sobre um lugar, um país, uma família, uma pessoa dizimada pela guerra. As feridas da guerra não passam só com o tempo. Passam com a vontade e determinação humana em criar um país melhor. É no meio de toda a desordem natural de um pós-guerra, que se consegue erguer hotéis, restaurantes, escolas, fazer pão e beber chá. E nós sentimos tudo isto porque lemos ALC. Este é um livro cheio de emoções e sentidos. A sua forma de escrever é magnifica. Sentimos um apelo constante ao nosso olfato quando descreve as ruas de Cabul. Sentimos a dor no coração dos familiares, que fazem viagens intermináveis nas piores das condições para um breve encontro com os seus entes queridos através de uma vídeo chamada para uma prisão. Sentimos o calor e o sol na pele de quem trabalha em campos flores (papoilas) como se a pele fosse a nossa. Sentimos o orgulho num militar em ajudar uma criança com a cabeça partido, nas piores das condições, mesmo que para isso não possa abraçar a sua família durante vários meses.

É certo que ainda há muito a fazer no Afeganistão. Há escolas e hospitais por construir, estradas por fazer, saneamento básico por implementar, a lista é extensa mas ler o Caderno Afegão e ter a certeza de que há esperança para a humanidade.



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 Caderno Afegão

Um diário de viagem

Alexandra Lucas Coelho

Edições Tinta da China   16,11€

As fotografias desta viagem aqui







A guerra dos tronos

Pois já tinham perguntado: Então e a Guerra dos Tronos pá?

Então aqui vai.

O que tenho para dizer sobre isto? NADA!!! Mais de meio mundo a vê, a devora, a acompanha... a respira.

Não é novidade nenhuma. É literalmente uma série de sucesso pois tem tudo:

  • Bons argumentistas.
  • Os atores são fabulosos.
  • Ótimos cenários.
  • Excelente guarda roupa!! Ma-ra-vi-lho-so!!!
  • A banda sonora não é má. É o que menos gosto.
  • A fotografia também é boa. Muito querente com os vários cenários.
  • O genérico é bom. Tem dedo português claro está!! Filipe Carvalho é um dos designers responsáveis pelo genérico. Podem. Não! Devem ler tudo aqui.

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Eu punha aqui o meu pezinho Luxo!!!

Em minha defesa devo dizer que não tenho muitos sapatos. Nem tão pouco tenho sapatos deste gabarito. Mas caso alguém, (alguém?) quiser oferecer-me um par eu não digo que não.

Quando eu virar excêntrica... ninguém me para. Ninguém!! Para ficarem com uma ideia daquilo que um dia, espero eu, venham a ser as minhas dúvidas Louboutin ou Michael Kors?

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Christian Louboutin Iriza Patente €995 

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Christian Louboutin Pigalle Follies €995 

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Michael Kors; Damita Canvas $99 (não encontrei o preço em €uros)

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Michael Kors;  Keegan Patent $125 (não encontrei o preço em €uros)

 

 

 

 

 

 

 

Já fui tão feliz aqui... Hotel Ozadi

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Se não têm nenhuma ideia para onde ir de férias. Deixo-vos aqui uma excelente sugestão Hotel Ozadi em Tavira.
Não conheço muito bem o Algarve, mas à algum tempo atrás tive a felicidade de poder ir até Tavira e ficar neste hotel maravilho. Não fica no centro de Tavira, nem é ao pé da praia, pelo que se quiserem ir a pé para lá, não vai ser possível. Agora se quiserem umas férias descansadas com o campo por perto, muito perto mesmo, e ao mesmo tempo não estar muito longe do mar. Este hotel é uma excelente opção. 


[As (facilidades), por amor de Deus, nunca mas nunca digam isto em lado nenhum. Aquela palavra é uma péssima, terrível, abominável tradução para serviços. Serviços. Os hotéis dispõem de uma gama de espaços/infraestruturas na qual oferecem serviços aos seus clientes.]


Visto isto, os serviços deste hotel são muito bons. Há que dizer em primeiro lugar, que dispõe de uma sala de jogos e parque infantil para as crianças. Lá podem encontrar vários tipos de jogos, desde as consolas a jogos de tabuleiro. O difícil será escolher por onde começar e claro está, arranca-los de lá.
O hotel tem um excelente design, uma decoração muito cuidada. Na realidade, tem muitos objetos que facilmente nos reportam à nossa infância pois está muito inspirada nos anos 50 e 60. Gostei bastante! 
Os quartos têm uma grande área e muita luz natural. Cada quarto tem a sua varanda com mesa e cadeiras onde podem desfrutar de um belo pôr-do-sol. 
A piscina convida a um mergulho assim que abrimos a janela. É mesmo difícil resistir. 
O pequeno-almoço é qualquer coisa!!! Normalmente os pequenos-almoços em hotéis são sempre bons. Mas este é realmente muito bem servido. Tem uma grande variedade, minha gente até tem iogurtes de soja!!!! O que para mim sobe a pato! 
Comam com calma, desfrutem da vista para a Ria Formosa. Levem tempo. Porque este é um hotel no qual podemos ficar com tempo. Nada de pressa.


Mas claro está não há bela sem senão. Tem um problema. E o maior dos problemas, é o restaurante Orangea Bistro!!! É uma desgraça!! Se poderem guardem, nem que seja só uma refeição, até pode ser na última noite, e jantei ou almocem por lá. Vão ver que vale bem a pena. Se os pequenos vos preocupam, não tenham problemas eles têm um menu infantil no qual a criança pode escolher entre pizza, hambúrguer, douradinhos e outra coisa que não me lembro. (Há e escusam de pensar "Grande coisa, levar os miúdos a jantar fora para comer hambúrguer!) Deixem-se disso que nós na idade deles comíamos quase sempre Bitoque com ovo a cavalo e bebíamos Sumol!!


Todo o pessoal do hotel é muito simpático e prestável. Não há ninguém que não se prontifique a ajudar quando vê a garotada mais agitada.


Bem sei, que os tempos não estão fáceis para ninguém, mas se vos for possível não deixem de visitar. Vão ver que serão muito felizes por lá.

 

So far so good - Feira do Livro de Lisboa

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Como disse aqui começou a FLL. E minha gente que feira! Antes de falar do óbvio os livros.

Tenho que vos dizer uma coisa. Há mais sítios onde comer, petiscar, dar uma trinca... na feira!!! Finalmente! Não que eu tenha experimentado algum, porque não tive oportunidade. Trabalhei na FLL durante 4 anos muito felizes da minha vida. E sempre que chegava a hora da refeição lembro-me de ver os meus colegas um pouco aborrecidos porque a variedade não era muita. (eu levava comida de casa). Ora para quem pode comer sem restrições tornasse uma chatice ter de escolher durante 3 semanas entre: prego no pão, cachorro ou hambúrguer especial. Felizmente este ano as coisas estão bem diferentes. Há muito por onde escolher e de boa qualidade!

Como não posso comer tudo, peço a quem vai que me diga se gostou. O meu mais velho por motivos profissionais teve de ir para aquela zona trabalhar. E ontem ao almoço foi até à feira comer. Almoçou na Tasquinha de Óbidos e não se calava com o arroz à valenciana que tinha comido.

- Oh Maria, é que era mesmo bom! Há tanto tempo que eu não comia um assim tão bom!

Ficou logo a saber que eu não lhe vou fazer arroz, nunca fiz tal prato. E a bem da verdade, não quero que o homem fique mal habituado. E muito menos estragar-lhe o momento gastronómico.

Em breve voltarei à feira, mas desta vez quero também eu deliciar-me com alguma coisa. Já vi que existem por lá alguns sítios com pratos vegetarianos e vou ter de fazer o sacrifício de os provar!!!

Para quem quiser trincar por lá este fim de semana aqui ficam alguns restaurantes a visitar;

The Skinny Bagel

100% Saboroso

Frua

Restaurante Tagide

 

Tenham um dia Feliz!

 

 

 

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O longo caminho para o diagnóstico (Parte I)

(porque não pode ser só sapatos e afins)

 

A primeira menstruação de uma adolescente é um momento que é vivido pelas mães com grande euforia e emoção. A passagem de menina a adolescente/mulher é sempre vista como um bom prenúncio no que diz respeito ao seu futuro como progenitora. Os primeiros meses são sempre um pouco difíceis pois a adaptação a todo um mundo novo nem sempre é fácil. Há que conhecer os produtos disponíveis no mercado para saber a qual deles se adapta melhor. Lidar com todas as alterações hormonais e emocionais, que um “corpo novo” comporta. Um sem fim de mudanças que podem e devem ser levadas com muita calma por toda a família.

 

A minha aventura com a menstruação começou, se bem me lembro, aos 12/13 anos. Lembro-me que foi numa terça-feira, o dia reservado à aula de educação física, e que depois de ter chegado da escola, numa ida à casa de banho, gritei pela minha mãe. Para ela foi uma alegria ver a sua menina crescer e abraçar mais uma etapa da vida. Para mim foi o início do pesadelo.

Primeiro fomos à médica de família para as devidas formalidades. Os avisos e cuidados a ter com o meu corpo passaram a ser uma prioridade para mim.

Mas todos os meses eram um desafio. Ora vinha ora não vinha. Ora vinha 5 a 8 dias, ora ficava quase duas semanas. Era uma verdadeira loucura. Sempre, mas sempre muito bem acompanhada de muitas dores. Dores essas que se centravam em toda a zona abdominal. De tanto me queixar e de tanto me verem em sofrimento, os meus pais decidiram levar-me ao médico. Mas desta vez a um especialista. Aos 16 anos fui pela primeira vez a um ginecologista: “Tenha calma isso é perfeitamente normal. Se tomar a pílula vai ver que melhora.” E assim foi. Mas não, não melhorei. A este médico seguiram-se mais 5. Até chegar ao 6º , o meu “salvador” mas já lá iremos.

Sempre que ia a um novo médico repetia uma série de exames. Ecografias e análises. Uma revisão clínica, que passava muitas vezes por uma breve e sumária descrição do processo da minha mãe: “Você é como a sua mãe. Também ela teve dores, não é verdade? Há mulheres que têm mais dores do que outras. O mais provável é que venha a ter alguma dificuldade em engravidar. Mas depois de ter filhos vai ver que tudo passa.”

Basicamente o que os médicos me diziam era, Aguenta e não chora. Que ser mulher é assim.

Com o passar do tempo novas e muito felizes etapas na minha vida foram surgindo. O terminar do secundário, a entrada para a universidade e para o mundo laboral. Sem falar claro está, no namoro e casamento. Infelizmente, muito infelizmente estas etapas eram muitas vezes vividas com uma grande carga de sofrimento. Que eu fazia questão de não revelar, a não ser a quem me fosse próximo. Por vezes, em conversas de raparigas e quando o assunto era abordado referia que tinha dores. Ouvia todas as outras opiniões e experiências e lamentava para mim o sofrimento atroz em que vivia. Como poderia eu falar e descrever uma coisa que não se via? Como poderia eu descrever a dor constante e o desconforto porque passava? Como tal parecia ser uma missão impossível, deixei de me preocupar em tentar explicar-me e resignei-me à minha condição.

Os analgésicos tornaram-se os meus melhores amigos. Mas não se pense que me tornei uma viciada! Calma lá. Muito pelo contrário, o medo que sentia desse caminho era tanto que muitas das vezes tentava aguentar as dores. Lembro-me que em dias mais complicados tinha de faltar às aulas da parte da manhã para poder trabalhar durante a parte da tarde. Aprendi a priorizar a minha vida.

A coisa parecia estar controlada. Até que chega um dia muito sonhado e desejado, o meu casamento. A pessoa com quem queria passar o resto da minha vida estava bem a par de toda a situação e sofria na pele os meus dias maus. Ao fim de pouco tempo de estarmos casados decidimos começar a tentar engravidar. Sempre desejamos ter uma família, e curiosamente cedo decidimos que iríamos adotar.

Após algum tempo de tentativa e sem resultados, fomos ao médico. Desta vez, fomos a uma médica. Esta tinha-nos sido recomendada por uma série de amigos e familiares. Fiz uma quantidade de exames exorbitante! No dia da consulta, na qual saberia os resultados diz-me de uma forma muito direta e sem rodeios: Você tem endometriose. E deve ser grande e grave. Mas vá para casa tome esta pílula e vamos ver o que dá.

Hum? Como é que é? Tenho o quê? Deixa cair a bomba atómica e foge a correr?!

Há 10 anos atrás a informação sobre esta doença era nula. Pelo que ainda durante a consulta, entre o choque e a tentativa de controlo da situação, esforcei-me para lhe fazer algumas perguntas. 

Mas decidi que não podia baixar os braços e aceitar, tinha de saber mais sobre o que se passava comigo.

Foi-me recomendado novo médico, o 5º. E lá fomos nós cheios de exames para a primeira consulta. Este foi muito prestável e simpático, falei-lhe de todo o meu processo até ali, da minha história clínica. E no fim disse que a última médica me tinha dito que tinha endometriose. Ao que ele me responde: Só se pode confirmar essa doença de uma maneira. Fazendo uma laparoscopia.

E assim foi. Num quente mês de agosto fiz a minha primeira cirurgia de diagnóstico.

O que mais temia confirmou-se: tinha endometriose. Esta encontrava-se alojada em dois órgãos; a bexiga e os intestinos. Estes são órgãos muito sensíveis e delicados. Na bexiga, o médico conseguiu retirar os focos de endometrio, agora nos intestinos não era possível mexer. O efeito da endometriose nos intestinos, no meu caso, afeta a sua capacidade de funcionamento normal. Ou seja, tenho uma série de intolerâncias e alergias alimentares. Que ao comer certos alimentos fazem com que este fique irritado. Mas sobre esta odisseia falarei num outro post.

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