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Esses malvados que nos tentam e massacram duas vezes ao ano!! Sobre os quais criamos expectativas. Nos debatemos por umas botas lindas que andamos a namorar semanas a fio. Guardando cada cêntimo! Esperando e lançando escadas a todos os elementos da família dizendo “Não me deem prendas no Natal. Vou precisar de ir aos saldos!”
Chega então, o Natal, na contagem crescente do valor que recebemos por quem nos ama. Eis que se junta cada moedinha que se poupou. No fim o saldo vitorioso para muito mais que as botas desejadas. A contagem decrescente para o grande dia de azafama, empurrões, desgaste físico, dores de cabeça, dores de pernas e pés… já ouvimos o ping! da caixa registadora. Estamos em ânsias!! O coração bate acelerado e descompassado na subida das escadas rolantes ao chegarmos ao centro comercial.
Chegamos à porta da loja onde estão as tão desejadas botas. Entramos sem qualquer hesitação, de passo firme e pedimos assertivamente o nosso número. Os momentos que se seguem são de grande nervosismo, a cada movimento da boca da funcionária os nossos ouvidos tentam acompanhar as suas palavras. Cada pausa, na certeza de resposta afirmativa. Mas eis que tudo para. O silêncio é total. Quebrado por uma explosão de ira, raiva, lágrimas (se tivéssemos 5 anos), um bater de pé nervoso. “Só temos o número exposto, que é um 38.” Queremos deitar-nos no chão e começar uma birra. A birra do centro comercial (que todos os país sabem qual é. E pela qual passam mais tarde ou mais cedo). As malfadas botas acabaram por arruinar um dos dias mais desejados. O dia dos saldos!!
A cada loja que se visita, uma desilusão. Nada. Mas nada. Daquilo que se ansiou comprar nesta altura, parece existir. Nada. Mas não desistimos facilmente. Isso é que não. A próxima é que é. E corrermos as lojas todas do centro comercial de A a Z. Vamos até àquelas em que nunca entramos no resto do ano.
Renasce a esperança; “Eu lembro-me perfeitamente deste vestido.” O sonho renovasse. Até olharmos para a etiqueta com o preço. Os 40% ainda mantêm o vestido bem acima do nosso plafom. O mundo está contra nós. A fúria invade-nos instantaneamente. É o desespero. Temos de enfrentar os factos. Perdemos a Guerra.
No fim temos algumas opções:
A) entramos numa loja de roupa barata e de fraca qualidade e gastamos uma fortuna em trapos. Mas saímos consoladas com o número de sacos e inutilidades que trazemos. Que nos servem unicamente para acalmar as emoções.
B) Não compramos nada e chegamos a casa e comemos que nem umas desalmadas para acalmar a ira. Acompanhamos a refeição com um filme que nos faz chorar. Para não termos culpa das lágrimas que nos caiem abundantemente pela face que assim pode descontrair.
C) Não desistimos!! E vamos a outro centro comercial na esperança de um resultado vitorioso.
D) Compramos nem que seja uma peça de roupa aquela que gostamos muito mas que nos leva o plafom inteirinho de poupança.
Os saldos são um filme de terror do mais violento e macabro que há. Há sangue, suor e lágrimas. Sem exageros. No dia em que os saldos forem a verdadeira aceção da palavra todas as mulheres se sentiram vitoriosas e realizadas.
Deixo aqui um apelo a quem gere e congemina a máquina de destruição de sonhos feminina.
Quando fizerem a época dos descontos ponham à venda roupa que ocupa os cabides durante o resto do ano. Assim, não há dramas familiares, fúria feminina, e todos vivem felizes para sempre.
É pedir muito?